Direito ao Acesso à Universidade para Pessoas com TEA: Proteja seu Futuro Acadêmico


29/09/2025 às 23h41
Por David Vinicius do Nascimento Maranhão Peixoto

O ingresso na universidade representa um dos momentos mais marcantes na vida de qualquer estudante. Para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa etapa pode ser ainda mais desafiadora. Apesar das leis brasileiras garantirem direitos específicos que buscam ampliar o acesso a universidades a esse grupo, muitas vezes esses direitos não são respeitados por instituições de ensino, seja por falta de preparo, preconceito ou falhas nos processos seletivos.

Nos últimos anos, inúmeros casos têm chegado à Justiça envolvendo candidatos autistas que foram impedidos de se matricular, mesmo apresentando toda a documentação exigida. Em algumas situações, bancas examinadoras desconsideraram laudos médicos claros e recentes, exigindo avaliações adicionais e subjetivas que não têm amparo legal. Felizmente, a justiça têm reafirmado que o autismo é reconhecido por lei como deficiência e, portanto, pessoas autistas têm direito à reserva de vagas nas universidades públicas, assim como às adaptações necessárias durante provas e no ambiente acadêmico.

 

A lei está do lado do estudante autista

 

A Lei nº 12.764/2012, conhecida como Lei Berenice Piana, estabelece que pessoas com TEA são consideradas pessoas com deficiência para todos os efeitos legais. Isso garante não apenas o acesso às vagas reservadas por cotas, mas também condições adequadas durante todo o processo seletivo, desde a inscrição até a realização das provas.

Além disso, a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) reforça que nenhuma instituição pode criar barreiras que limitem o acesso dessas pessoas ao ensino superior. Isso significa que exigências indevidas ou a negativa de matrícula sem justificativa clara violam diretamente a Constituição Federal, que assegura o direito à educação e à igualdade de oportunidades.

Recentemente, decisões em diferentes tribunais, como o TRF6, confirmaram que universidades não podem recusar a matrícula de candidatos autistas alegando ausência de limitações significativas, quando há laudos médicos válidos apresentados. O Judiciário tem se posicionado de forma firme, garantindo que os direitos previstos em lei sejam cumpridos e que a inclusão não seja apenas um discurso, mas uma realidade.

 

Desafios enfrentados pelos candidatos autistas

 

O processo seletivo, por si só, já é um momento de ansiedade. Para pessoas com TEA, ele pode ser ainda mais desgastante. Ambientes barulhentos, mudanças de rotina e a falta de suporte adequado durante a prova podem gerar crises e dificultar o desempenho, prejudicando a avaliação do verdadeiro potencial do candidato.

Além disso, a ausência de acessibilidade em muitas universidades — seja física, comunicacional ou metodológica — continua sendo um obstáculo. Barreiras como falta de monitores especializados, ausência de intérpretes ou inadequações arquitetônicas ainda são comuns. Isso pode levar o estudante autista a um estado de isolamento, desmotivação e, em casos mais graves, ao abandono do curso.

Esses problemas não são apenas desafios individuais; eles refletem uma falha coletiva da instituição em cumprir seu papel social. Por isso, quando a universidade não garante o apoio necessário, o caminho judicial se torna essencial para proteger o futuro do estudante.

 

Como a Justiça pode garantir seus direitos

 

Quando há negativa de matrícula ou falhas graves no processo seletivo, a Justiça pode ser provocada a agir de forma rápida e eficaz. Em casos urgentes, é possível obter uma liminar que assegure a matrícula imediata, evitando que o estudante perca o semestre.

A atuação especializada se mostra essencial para que os candidatos autistas participem das provas em condições de igualdade, garantindo o direito à utilização das cotas e às adaptações necessárias. Cada caso é único, mas todos têm em comum a defesa de um princípio fundamental: a educação não pode ser negada por barreiras burocráticas ou preconceituosas.

Ao acionar o Judiciário, o estudante demonstra que não busca privilégio, mas apenas o cumprimento da lei. Essa luta, além de pessoal, fortalece a inclusão de milhares de pessoas que enfrentam os mesmos desafios diariamente.

 

Por que agir agora é fundamental

 

O calendário universitário é rígido. Perder prazos ou deixar de reagir rapidamente pode resultar em um ano inteiro desperdiçado, além de frustração e impacto emocional para toda a família. Por isso, buscar orientação profissional o quanto antes é essencial.

Um profissional preparado poderá analisar a situação, reunir a documentação necessária, apresentar os argumentos corretos e ajuizar a ação no tempo adequado, aumentando consideravelmente as chances de sucesso.

Se você ou alguém próximo está passando por uma situação de recusa de matrícula, ausência de acessibilidade ou qualquer forma de discriminação durante o processo seletivo, não aceite que o sonho da universidade seja interrompido. É possível lutar por seus direitos e garantir uma educação inclusiva e justa.

 

Conclusão: inclusão não é favor, é direito

 

O acesso ao ensino superior para pessoas com TEA não deve depender da boa vontade de instituições. É um direito garantido por lei, que precisa ser respeitado. A universidade deve ser um espaço de diversidade, aprendizado e transformação social, onde cada estudante possa desenvolver seu potencial sem enfrentar barreiras discriminatórias.

Se você enfrentou dificuldades no vestibular ou durante a matrícula, saiba que existe amparo legal para defender sua vaga e garantir que a avaliação se concentre no que realmente importa: seu conhecimento, esforço e capacidade.

Proteja seu futuro acadêmico. Conheça seus direitos e, se necessário, busque apoio jurídico especializado para transformar a frustração em conquista. Sua trajetória universitária pode e deve começar agora — com justiça, igualdade e respeito.

Em caso de dúvidas, envie um e-mail para nascimentopeixotoadvogados@gmail.com, fale pelo nosso site ou contato telefônico e WhatsApp (61) 99266-4446.

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Referências

JUSBRASIL. Direito ao acesso à universidade para pessoas com TEA: proteja seu futuro acadêmico. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/direito-ao-acesso-a-universidade-para-pessoas-com-tea-proteja-seu-futuro-academico/5010681629. Acesso em: 30 set. 2025.

DAVID VINICIUS ADV. Plano de saúde pode ser cancelado durante tratamento para Transtorno do Espectro Autista (TEA). Disponível em: https://juridicocerto.com/p/davidviniciusadv/artigos/plano-de-saude-pode-ser-cancelado-durante-tratamento-para-transtorno-do-espectro-autista-tea-6726. Acesso em: 30 set. 2025.



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